26 abril 2009

Educação Formal e Conhecimento Popular

Acredito que a escola e a comunidade se relacionam através da educação formal e do conhecimento popular. Na escola, de forma geral, aprendemos, através das diversas disciplinas, os conteúdos com base científica. Por outro lado, os alunos trazem através de suas vivências um rico conhecimento do dia a dia, o que chamo aqui de conhecimento popular.



Quando um professor consegue conciliar a bagagem cultural que o aluno trás de casa com o conhecimento formal representado pelo conteúdo de sua disciplina, transformando informação em conhecimento, acredito que a relação entre a escola e a comunidade é verdadeiramente produtiva. As vivências cotidianas são enriquecidas pelo conhecimento científico e este passa a dar sustentação para aquelas.


O conhecimento da Sociologia tem uma grande importância no dia a dia do professor, pois nos ajuda a entender a diversidade humana e a forma como nos relacionamos com a sociedade e com o meio em que vivemos. Refletindo e conhecendo esta relação, poderemos propor e incorporar mudanças para tornar o convívio em sociedade mais saudável.


A educação é fundamental não somente para adquirirmos mais conhecimento, mas para que possamos contribuir na construção de um ambiente e uma sociedade mais agradável para se viver. Conhecendo como fomos e entendendo como somos, poderemos ajudar na construção de uma sociedade mais feliz.

23 abril 2009

Tecnologias Digitais e Educação

Outro dia eu estava pensando: como as novas tecnologias digitais atraem a atenção da molecada. Eles são experts em usar aparelhos de MP3, celulares com Bluetooth, jogos digitais, internet, MSN, blogs, orkut e assim por diante.

O interessante é perceber que aprendem essas coisas com muita facilidade. Porém, o que mais impressiona mesmo é ver que muitas vezes aprendem de forma autônoma, pesquisam, vão atras das informações, querem se apronfundar, aprendem de forma não linear, além disso, ensinam uns aos outros, ou seja multiplicam conhecimento.

Falando objetivamente, para essas tecnologias digitais, de uma forma geral, eles são os estudantes que pedimos a Deus: autônomos, concetrados, interessados, esforçados, sempre ampliando seus limites.

Por que será que não fazem isso nas aulas de história, geografia, matemática, ciências etc.?

Acredito que existe uma série de atividades que podem ser conduzidas aliando tecnologias digitais e conteúdos das disciplinas: Montar vídeos com comerciais, entrevistas; Apresentações em power point; Exposições fotográficas analógicas e digitais; Montagem de sites com determinado assunto; Jogos interativos; Criação de blogs; Uso de paródias. Enfim, existe sim uma infinidade de processos educativos que podem aliar o interesse pelas tecnologias digitais dos alunos e os conteúdos curridulares.

O professor, em primeiro lugar, precisa conhecer um pouco dessas tecnologias. Não digo necessariamente saber montar um blog na internet, por exemplo, mas deve saber o que é um blog e suas potencialidades. Deve ter noções de vídeo, de fotografia, de internet etc. Tendo essa base do conhecimento, ele poderá orientar os alunos no uso dessas tecnologias, ajudando-os a sistematizar as informações dos conteúdos de sua disciplina.

Acredito que, a partir de então, existe um mundo de opções pela frente, onde os alunos poderão transformar informações em conhecimento, assimilar conceitos, trabalhar habilidades e competências. Hoje em dia, as tecnologias digitas são essenciais no processo de ensino-aprendizagem.

20 abril 2009

Emília Ferreiro: Educação e Mudanças

Emilia Ferreiro pode ser considerada uma revolucionária da alfabetização. Psicolingüista de origem argentina vem estudando o processo de aquisição da leitura e da escrita. Há cerca de vinte anos, causou polêmica ao explicar como as crianças aprendem, propondo a substituição das cartilhas pela utilização de textos variados, como livros, revistas, jornais, calendários e agendas.


Estudiosa dos sistemas e das tecnologias de escrita, Ferreiro acredita que o significado de saber ler e escrever muda conforme o tempo e as transformações na sociedade. Desde a Grécia clássica até os dias de hoje o seu significado vem se modificando, pois o que se espera do leitor são determinados socialmente. Atualmente, com o advento da internet muitas coisas mudaram. Segundo a pesquisadora, “o trabalho na internet exige rapidez na leitura e muita seletividade, porque não se pode ler tudo o que está na tela”.


Além disso, com a globalização, ela acredita que, ao mesmo tempo em que a cultura global tende para uma homogeneização atrelada sobretudo à utilização da língua inglesa, existe também o movimento inverso, pois as pessoas manifestam o desejo de manter a sua cultura, a sua identidade. Por outro lado, outra questão é posta, as crianças e adolescentes aprendem com muito mais facilidade essa nova tecnologia e hoje ensinam muitos professores a melhor maneira de utilizá-las. Para Ferreiro, atualmente “a possibilidade de uma relação educativa realmente dialógica é fantástica”.


Sobre a educação no Brasil, Ferreiro acredita que houve transformações, sobretudo àquelas ligadas à montagem de turmas homogêneas, uma antiga obsessão das escolas brasileiras. Para ela é preciso entender que os estudantes mudam constantemente e que uma turma agora homogênea pode estar completamente diferente em pouco tempo. É necessário levar em conta os ritmos individuais e as etapas de desenvolvimento de cada criança. Particularmente na alfabetização, os ritmos individuais permitem que se classifiquem as crianças como pré-silábicas, silábicas e alfabéticas. Este enfoque possibilita a visualização do progresso individual na aprendizagem de cada uma. Segundo a psicolinguista, “a idéia de que eu, adulto, determino a idade com que alguém vai aprender a escrever é parte da onipotência do sistema escolar que decide em que dia e a que horas algo vai começar. Isso não existe. As crianças têm o mau costume de não pedir permissão para começar a aprender”.


As idéias propostas por Emilia Ferreiro realmente vieram mudar e continuam mudando a forma de pensar a educação e a alfabetização de nossas crianças. Os enfoques dados por ela nos provam que o processo de ensino-aprendizagem é dinâmico, muda conforme o tempo e conforme as necessidades das sociedades. Novas descobertas apareceram e com certeza outras aparecerão graças aos pesquisadores da educação e ao desenvolvimento tecnológico. No Brasil de 1985, quem poderia afirmar que as cartilhas eram modelos fracos de alfabetização? E por outro lado, naquela mesma época quem iria dizer que futuramente um bate papo ou troca de cartas poderiam acontecer de forma virtual? É necessário estarmos sempre revendo nossos conceitos sobre educação e, muitas vezes, aprendendo tudo de novo.

11 abril 2009

Refletindo sobre a Desigualdade Social

Às vezes fugimos de um lugar, mas acabamos encontrando as mesmas respostas em lugares diferentes.


08 abril 2009

Práticas Pedagógicas e Realidade Social

Há alguns anos, trabalhando com o tema da cultura indígena, propus a um grupo de alunos da 5ª série que fizesse uma pequena pesquisa. Eles deveriam perguntar, em casa, qual o local de nascimento, profissão e a ascendência de seus pais e avós, anotando tudo no caderno.

A proposição da atividade foi extremamente formal e na semana seguinte poucos trouxeram as respostas. Fiquei decepcionado uma vez que se tratava de uma coisa simples de se fazer. Porém, senti que os alunos não queriam expor seu passado e sua vida familiar. A grande maioria era descendente de negros, indígenas e nordestinos e carregava o peso do preconceito em seu dia-a-dia. Conversei com a turma a respeito desta questão, buscando mostrar a importância que todas as culturas possuem para a formação do povo brasileiro. Procurei levantar a auto-estima de cada um e mostrar que não é vergonha ser descendente de uma ou de outra “raça” (1).

(1) Morin vê a sala de aula como um fenômeno complexo que abriga uma diversidade de ânimos, culturas, classes sociais e econômicas, sentimentos... Um espaço heterogêneo e, por isso, o lugar ideal para iniciar essa reforma da mentalidade que ele prega. Cristiane MARANGON, Eduardo LIMA. Os novos pensadores da educação.HTTP://revistaescola.abril.com.br. Acesso em 23/02/2009.

Quase ao final da aula, uma aluna trouxe uma foto de sua família para eu ver. Havia a mistura de negros e índios, todos nascidos no nordeste em um clima gostoso de festa. A foto despertou tanto interesse nos outros alunos, que propus, dessa vez, que fizessem um trabalho escrito, onde responderiam as questões da atividade inicial, porém, que colocassem fotos de seus parentes. Solicitei também que fizessem pesquisas em jornais e revistas, que conversassem com parentes e vizinhos, sempre buscando encontrar o lado positivo que cada “grupo racial” possui (2). Eles deveriam fazer um relato de todas as informações que conseguissem e me entregar.

(2) O ato de educar, a ação educativa, transcende às ações dos professores e extrapola os limites físicos da sala de aula. Jorge Carlos Felz FERREIRA. Reflexões sobre o ser professor: a construção de um professor intelectual, p. 3.

Na semana seguinte houve uma profusão de trabalhos. Cada um trouxe um pouquinho de si e de sua família. Estavam ansiosos para contar o que conseguiram descobrir. Muitos relataram a presença de índios e afro-descendentes em seu meio familiar. Alguns encontraram reportagens que valorizavam a cultura quilombola e de tribos indígenas.

Confesso que foi uma atividade que me marcou muito e passou a ser um norteador de caminhos a serem percorridos durante a minha prática docente. Passei a diversificar o formato de minhas aulas, aproximar-me mais dos alunos, trabalhar com a questão da valorização da identidade de cada um. Por outro lado, percebi o quanto é importante a busca de informações através de meios diversificados: família, vizinhos, jornais, televisão, entre outros. Todos nós aprendemos que a educação não formal complementa a educação formal. Os alunos passaram a ser mais participativos, mesmo porque, eu também passei a ser mais receptivo em aulas mais dialogadas (3).

(3) Segundo Donald Schön, citado por Isabel Alarcão, quem age em situações instáveis e indeterminadas, como é o caso de quem leciona, tem de ter muita flexibilidade e um saber fazer inteligente, uma mistura disso tudo. A experiência conta muito, mas tem de ser amadurecida. Denise Pellegrini. Refletir na prática. http://revistaescola.abril.com.br Acesso em 23/02/2009.

05 abril 2009

Pluralidade Cultural: Identidade Brasileira

Segundo Marco Antonio Bettine de Almeida, podemos definir cultura como sendo “o conjunto das tradições, técnicas, instituições que caracterizam um grupo humano” (1). Sabendo que mundialmente existe uma grande diversidade de grupos humanos, podemos dizer que existe também uma grande pluralidade cultural. Particularmente, no Brasil, essa miscelânea de culturas se faz presente, tanto pela miscigenação, num primeiro momento, entre o índio, o negro e o homem branco (particularmente de origem portuguesa), quanto, posteriormente, pelo grande contingente étnico imigratório que este pais recebeu, dentre eles os japoneses, os italianos e os espanhóis. Tudo isto sem contar as diferenças culturais regionais com suas variantes de norte a sul e de leste a oeste do Brasil.

(1) Subsídios Teóricos do Conceito Cultura para entender o lazer e suas políticas públicas. Faculdade de Educação Física/UNICAMP. In: HTTP://polaris.br.unicamp.br. Acesso em 28/03/2009.

Assim sendo, nossos professores precisam estar atentos à forma como conciliar culturas tão diferentes num mesmo ambiente de interação: a escola. Como trabalhar os laços interculturais, buscando o respeito mútuo e a tolerância. O grande desafio é integrar grupos tão diversos de forma harmônica culminando para a consolidação de uma identidade nacional: A cultura brasileira.


Acredito que essa integração já exista e ela está atrelada ao esforço educativo realizado nas escolas. As culturas se misturaram e hoje podemos dizer que temos algumas características ímpares do povo brasileiro como a feijoada, o futebol e o samba. (2) Estes elementos se disseminaram tão fortemente pelos quatro cantos do Brasil que se tornaram símbolos típicos de nossa cultura. Além disso, existem outros tantos exemplos de como a mistura de culturas fez do brasileiro um povo diferenciado: Os paulistas adoram comer sushi; a música sertaneja faz sucesso nas grandes capitais litorâneas; os ritmos nordestinos estão presentes no sul e sudeste brasileiro.

(2) O samba carioca recebeu a titulação de Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil. In: http://www.cultura.gov.br/site/2007/11/30/aviso-de-pauta-8/. Acesso em 28/03/2009.


Mesmo que ainda existam pontualmente formas de preconceito e discriminação que precisam ser superadas através da educação, podemos afirmar que o respeito e a aceitação da pluralidade cultural são muito bem trabalhados em nossas escolas, possibilitando uma convivência mais pacífica entre as diversas culturas presentes em nosso território.

03 abril 2009

Semana Cheia de Emoções

Qual seria a nossa reação se, no dia primeiro de abril, um aluno viesse correndo dizer que estava pegando fogo na escola. Certamente, que iríamos dar risadas e mandar o aluno voltar para o seu lugar. Pois foi exatamente isso que aconteceu. Mas não era mentira. Realmente, estava pegando fogo na caixa de luz do andar de cima da escola.



Rapidamente, começamos a evacuar o prédio no andar de baixo. No andar de cima, as professoras fizeram o mesmo. Pedi ao porteiro que desligasse a chave geral. Ainda subi para verificar se tinha mais alguém e surpresa, havia uma turma em plena aula de matemática. Solicitei aos alunos que deixassem todo o material em sala e que saíssem calmamente, se é que isto era possível, e descessem todos para o pátio. Enquanto isso, a moça da secretaria, que faz parte da brigada de incêndio, já estava empunhando o extintor para fogo em equipamente elétrico e com alguns esguichos eliminou o foco de incêndio.



O corpo de bombeiros já havia sido chamado e chegou alguns minutos depois. Como o fogo já fora apagado e o prédio da escola evacuado, não precisaria de pressa para chegar. Os bombeiros foram recebidos aos brados pelos alunos. Alguns, realmente felizes por vê-los, outros literalmente cairam na gandaia. O prédio foi vistoriado e, não apresentando mais risco de fogo, voltamos à rotina normal.



Definitivamente, prevenção é sempre o melhor remédio. Em 2007, parte da equipe de professores e funcionários do Barnabé passou por um treinamento feito pelo corpo de bombeiros. Aprenderam a agir em caso de incêndio e passaram a fazer parte da nossa brigada.



Nós que trabalhamos na área da educação sabemos que alguns dos objetivos mais importantes de nosso trabalho são desenvolver habilidades e competências em nossos alunos. Durante o princípio de incêndio na escola, fiquei contente em constatar que nossa equipe possui literalmente a habilidade de apagar fogo e a competência de colocar a criançada em segurança.