13 setembro 2009

Currículo: Origem e Conceituação

Antes de tudo gostaria de dizer que as primeiras aulas da disciplina "Currículo: Teoria e Prática" foram ao mesmo tempo muito interessantes, porém extremamente difíceis de entender. A leitura atenta sobre as origens da palavra currículo fez elucidar melhor o conceito à seu respeito permitindo entender sua relação com a noção de discurso e de teoria.

A origem da palavra currículo remonta os séculos XVI e XVII, originalmente curriculum, significando um "curso de vários anos feito por cada estudante" e também "algo que deve ser seguido e concluído". No Brasil a palavra curriculum torna-se "currículo" sendo entendido também como um "documento que relata a trajetória educacional e/ou acadêmica e as experiências profissionais de uma pessoa".

Já no século XX o conceito de curriculum vai sendo aperfeiçoado podendo ser entendido como "processo de racionalizar os resultados educacionais rigorosamente medidos". A educação passa a seguir o modelo das fábricas onde "o sistema educacional deveria ser tão eficiente quanto qualquer empresa". Ou seja, neste momento, percebe-se nitidamente uma intencionalidade, um discurso a respeito do conceito da palavra currículo que estaria voltado para os interesses do mercado capitalista. Daí muitos autores preferirem falar sobre o discurso do currículo e não da teoria do currículo, pois a teoria seria apenas a descrição de algo que já existiria, já o discurso é carregado de pontos de vista e de intencionalidade, é algo inventado, que não existia anteriormente. Esta é exatamente a idéia dos autores do chamado pós-estruturalismo que possuem uma visão crítica a respeito do conceito abordado aqui.

Continuando sob a perspectiva do discurso sobre a palavra currículo, podemos afirmar que trata-se da "formação de determinado tipo de sujeito", buscando "modificar as pessoas" e finalmente chegar na "pessoa considerada ideal". Por isso que o currículo é a própria identidade de uma escola, de um curso, de uma instituição de ensino, pois é idealizado, ou deveria ser, pelo grupo de pessoas que administra esta instituição e que possuem formas de ver a realidade, possuem crenças, possuem métodos pedagógicos que acreditam serem as mais corretas. É algo praticamente imposto por este grupo de pessoas (gestores de determinada instituição) exatamente porque busca a formação da pessoa ideal sob a visão deste mesmo grupo.

Finalizando, como os tempos mudam, os comportamentos se transformam, a pessoa considerada ideal para cada época também muda. Se antigamente buscava-se uma pessoa que seguia à risca as regras impostas pelas fábricas, ou seja, uma pessoa metódica e que fazia suas atividades de forma mecânica e repetitiva, hoje se procura uma pessoa capaz de se adaptar a diferentes realidades, capaz que saber agir e pensar num mundo em constante e rápida evolução. Dessa forma, o currículo de hoje é diferente do currículo de ontem. Esse talvez seja o grande fascínio que o currículo possui, ou seja, estar em constante movimento.

Obs: Todas as citações feitas foram retiradas dos textos das aulas da disciplina "Currículo: Teoria e Prática".

- x - x - x - x - x -

O currículo determina a identidade de um grupo. Por isso que gostei da visão pós-estruturalista mostrada em nossas aulas.

Só tenho dúvidas se realmente cada escola elabora seu currículo de forma flexível. Muitas vezes tenho a impressão de que o currículo é imposto, mas os professores acabam flexibilizando no seu dia a dia docente.

- x - x - x - x - x -

Realmente concordo que a "educação seja uma preparação para a vida". Porém, essa educação está repleta de intencionalidades e essas intenções são colocadas a partir do currículo.
É necessário que os professores participem cada vez mais da elaboração dos currículos de forma ativa. Ou seja, pensando no cidadão que querem formar e não apenas aceitando as imposições de pequenos grupos dentro da escola.

Apesar de que, também tem o outro lado da moeda. O professor pode muito bem, em seu dia a dia, re-elaborar na prática a formação de seus alunos, não seguindo ou seguindo pouco do currículo que a escola lhe impõe.

Este talvez seja uma das principais críticas ao currículo. Ou seja, quem garante que ele vai ser seguido à risca? Afinal, cada professor possui sua história e trajetória de vida, suas crenças particulares e elas não são deixadas de lado durante sua prática docente.

- x - x - x - x - x -

Em minha opinião o currículo deve ter flexibilidade durante a sua concepção e também permitir determinadas mudanças em sua trajetória de execução. Porém, ele não pode ficar sendo mudado a todo instante, porque senão fica uma coisa caótica e gestores e professores acabam ficando sem norte, sem saber para onde seguir.

Portanto, o currículo de uma instituição, em sua base central, deve ser imutável, pelo menos, para determinado período, que pode ser, por exemplo, de quatro anos no Ciclo II do Ensino Fundamental. Depois de transcorrido o período, ele poderá ser reavaliado e modificado nos aspectos que não estão indo muito bem.


- x - x - x - x - x -

O conceito de currículo que você colocou é exatamente aquele que está mais em voga nos dias de hoje, sobretudo nas escolas estaduais. Essa fundamentação das práticas pedagógicas que devem partir da realidade do aluno, visando a aprendizagem a partir do conhecimento que o ele já possui parece ser a mais acertada nos dias de hoje.
Realmente interessante essa discussão sobre Currículo, pois permite enxergarmos a realidade atual de forma muito clara.

- x - x - x - x - x -


Estou achando muito interessante essa discussão sobre seguir à risca o currículo ou inserir novas práticas.

Cada hora estou pendendo para um lado (risos), porém, acredito que ao exercitar a nossa reflexão, poderemos chegar a uma conclusão mais plausível.

Agora, se cada professor ir inserindo novas práticas e fugindo da essência do currículo, a coisa vai virar um samba do crioulo doído. Portanto, vejo também necessário que se siga a proposta (o currículo) de forma coletiva e disciplinada. Afinal, o currículo faz parte de um sistema de ensino e que possui uma intencionalidade e se cada um fizer o que quer os objetivos centrais não serão alcançados.

No caso da Secretaria Estadual de Educação do Estado de São Paulo, estamos implementando uma proposta curricular baseada em "situações de aprendizagem" para o desenvolvimento de "habilidades e competências", que estão centradas, nas competências leitoras, escritora e cálculos matemáticos.

Claro que cada professor poderá inserir práticas docentes que deram certo em sua trajetória docente, porém, ele precisa desenvolver as habilidades e competências que são ditadas pela proposta curricular do estado. Ele precisar estar focado sempre nessas habilidades e competências porque senão os alunos não conseguirão aprender o que realmente precisam aprender.


- x - x - x - x - x -


O currículo é de suma importância para a escola. É um parâmetro a ser seguido. Muitos professores precisam aprender a segui-lo e a percebê-lo como algo que vem lhe ajudar.

Claro que com tantos afazeres fica difícil você seguir à risca tudo o que pé pedido. o professor precisa de melhores salários para ter mais tempo de se dedicar a uma única instituição e poder preparar melhor suas aulas.

- x - x - x - x - x -

Nossa professora! Esse questionamento que você colocou citando TomazTadeu da Silva é mesmo de fundir a cuca (risos).

Eu acredito que (nestes momentos ainda iniciais de reflexão sobre currículo, uma vez que o curso ainda está começando) a frase dele esteja correta: "Quando discutimos as questões curriculares pensamos apenas em conhecimento, esquecendo de que é o próprio conhecimento que constrói o currículo."

Vou colocar um exemplo muito prático. Hoje em dia sabemos que os professores efetivos de uma escola e que já trabalham há vários anos na mesma instituição são mais compromissados e garantem um rendimento melhor dos alunos, uma vez que passam a conhecê-los melhor. Essa constatação é feita pela própria experiência de determinado corpo gestor de determinada escola.

Na elaboração da grade curricular com o total de aulas semanais em cada disciplina, os gestores deveriam, portanto, privilegiar os professores da casa, procurando atender primeiro às suas necessidades quanto ao total de aulas que cada um terá no ano subseqüente. Essa é uma forma de "segurar" os professores titulares de cargo e garantir melhores aulas para os alunos da comunidade à qual a escola pertence.

- x - x - x - x - x -

Agora me veio outra dúvida.

A diferença entre currículo e Projeto Político Pedagógico.
Seguindo o Sistema de Ensino implantado pela Secretaria Estadual da Educação do Estado de São Paulo, no ano passado, percebo que o currículo é uma coisa maior, que abrange todo o estado de São Paulo e portanto menos flexível.

Já o Projeto Político Pedagógico varia de escola para escola, refletindo melhor a realidade das comunidades, seus valores e identidade.

Não sei se o Projeto Político Pedagógico poderia ser considerado o currículo individual de cada escola. Será que a professora poderia nos elucidar?