17 maio 2009

Economia Solidária? Alternativa para o futuro?

No final do mês de abril tive a oportunidade de conversar com uma mestre em educação que, especificamente, fez sua dissertação de mestrado a respeito de gestão escolar e, particularmente, abordou, em certo momento, a forma que a escola onde trabalho é gerida.


Claro que fiquei com os neurônios literalmente queimando ao conversar com alguém como ela. Muito inteligente e culta. Mas certamente foi um momento de muita aprendizagem e prazer.

Em nossa conversa, acabamos entrando na questão do discurso utilizado por professores e gestores que serve como alavanca para o ensino e perspectiva de futuro para os estudantes. Ou seja: Por que estudar? Para que estudar? Que futuro nossos alunos esperam da vida?

A maioria de nós ainda utiliza como resposta o mesmo discurso: "É preciso estudar muito para ser alguém na vida. Somente com muito esforço e estudo você vai conseguir um bom emprego, ganhar bem e se destacar na sociedade. Somente estudando é que um dia você vai chegar lá."

Mas será que esse discurso de fato serve para todo mundo? Dá certo com todos? Existe igualdade de condições tanto para o aluno da escola pública, quanto para o aluno da escola particular? Um grupo de alunos de baixa renda terá as mesmas chances e perspectivas de um grupo de alunos de alta renda se os esforços forem exatamente iguais nos dois grupos? Ou leva vantagem quem tem o poder econômico e faz parte de uma elite que abre as portas para empregos, relacionamentos, tempo para dedicação aos estudos, entre outros?

O tema que mais me chamou a atenção e que acredito ser um dos mais importantes em Sociologia da Educação foi mesmo a "Sociologia Crítica". Enxergar o mundo através dessa visão não é fácil. Porém, somente entendendo de forma crítica a realidade é poderemos propor mudanças e decidirmos o que pretendemos manter.

Não estou com tudo isso falando que não sou a favor do esforço e dedicação aos estudos para conseguir uma projeção econômica-social. O que quero deixar claro é que este modelo funciona somente para uma pequena parcela da população. Não existe igualdade de condições. E o pior, usar esse discurso em uma escola para alunos de baixa renda pode ser entendido, em muitos momentos, como um discurso vazio. Pois sabemos que a maioria, de fato, não chegará lá.

Neste momento é preciso parar para refletir. Pensar sobre a nossa relação com o mundo/sociedade e o que de fato queremos para o nosso futuro. Quais os nossos valores? O que entendemos por felicidade e bem estar? E, assim, poderemos, quem sabe, encontrar um modelo alternativo.

Acredito que as respostas para todas essas questões, dentro da escola pública, passam sim por continuar se esforçando e se aprofundando nos estudos. Porém, o que muda é o foco. O objetivo, agora, talvez seja encontrar esse modelo alternativo, menos desigual, onde a violência e a pobreza sejam menores. Onde se possa ter uma qualidade de vida boa, se não for para todos, mas pelo menos para a grande maioria.

Conversando com aquela mestra consegui organizar algumas idéias que ainda estavam embaralhadas. Ainda não sei exatamente que caminho e que discurso deveriam ser seguidos. A professora de Sociologia do curso de Pedagogia sugeriu leituras a respeito da Economia Solidária que me parece uma alternativa muito interessante.

Apenas uma certeza parece estar clara: somente continuando os estudos e se aprofundando é que poderemos encontrar respostas para todas essas questões.



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