08 dezembro 2009

Mérito ou politização: Para onde vai a qualidade dos serviços em Educação?

Ricardo Navia, professor doutor da Universidad de La República, de Montevidéu no Uruguai, critica a estrutura educativa das escolas em dois pontos importantes: em primeiro lugar, quanto ao poder de decisão que os chamados funcionários políticos possuem em detrimento dos docentes e supervisores de carreira, sendo aqueles mais sensíveis às pressões do poder em detrimento destes. Num segundo momento, chama a atenção para a existência de uma distorção da carreira docente, na medida em que os altos cargos de supervisão e planejamento não são ocupados através de concurso de méritos intelectuais, mas sim por planos impostos ou pelos chamados “méritos administrativos”.

Para Navia, que é doutor em filosofia da educação, os chamados funcionários políticos estariam ocupando cargos mais altos exatamente porque são mais sensíveis às pressões do poder, ou seja, seguem à risca determinações impostas por quem tem o poder político e, assim, acabam conseguindo benefícios e ocupando cargos mais elevados, em detrimento dos funcionários de carreira que estariam mais voltados para os interesses das comunidades escolares e, portanto, não se deixariam levar com tanta ênfase pelas pressões políticas.

Por outro lado, quando um cargo é ocupado por motivos políticos e não por méritos intelectuais, a tendência é encontrar funcionários que se preocupam em agradar quem esta no poder e não fazer o seu serviço visando melhorias em prol da qualidade da educação. Ou seja, atende-se ao interesse de uma minoria que detém o poder e se esquece das necessidades de quem faz uso do sistema educativo em busca de qualidade. Portanto a politização dos cargos na área da educação pode levar à queda na qualidade dos serviços oferecidos e conseqüentemente uma queda na qualidade da educação.

Sob meu ponto de vista, é necessário que a estrutura educativa seja repensada e em muitos casos, modificada. Os cargos em educação não podem ser ocupados apenas por questões políticas, é necessário que haja uma abertura para a contratação de funcionários por méritos intelectuais e que tenham a preocupação em oferecer serviços de qualidade sempre buscando a melhoria da educação. A politização dos cargos em educação é preocupante, sobretudo porque seu objetivo final é beneficiar uma pequena parcela de pessoas em detrimento do interesse da maioria.

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