25 outubro 2009

Ética: Virtude de uma Comunidade Escolar Feliz


Progressão Continuada, falta de tempo para os pais acompanharem o rendimento dos seus filhos e professores que trabalham nos três turnos para garantir o sustento de suas famílias são problemas comuns à carreira da maioria dos profissionais docentes. Conjugados, esses problemas desencadeiam uma série de tomadas de decisões no dia a dia do professor que desgastados ou sob pressão de interesses sejam políticos ou econômicos acabam abrindo espaço para a postura não ética no cotidiano escolar.

Podemos definir ética como uma reflexão sobre a moral e os bons costumes, que busca numa situação limite a justiça e a harmonia entre os homens. Moral, por sua vez, pode ser considerada uma série de normas de conduta que, de forma prescritiva, dita o comportamento do homem em relação aos seus costumes, hábitos e usos. No cotidiano escolar, assim como na convivência social como um todo, as pessoas estão sujeitas às regras morais do grupo que pertencem, porém com tantos problemas que envolvem a carreira docente e a falta de tempo para uma reflexão mais atenta destes problemas, os profissionais da educação correm o risco de dar créditos à falta de ética na resolução dos problemas escolares cotidianos.

Vejamos algumas situações práticas: passar ou não passar de ano um aluno que não fez nada o ano inteiro, apenas brincou e causou uma série de problemas disciplinares, atrapalhando, inclusive, o próprio desempenho de seus colegas? Deve-se seguir, puramente, o sistema da progressão continuada neste caso, levando se em consideração que tal sistema é ditado por uma instância superior no caso da rede pública estadual de ensino do Estado de São Paulo e correr o risco deste mesmo aluno vir ainda pior no ano seguinte? Este mesmo aluno merece estar na série subseqüente, mesmo que sua família não se importe com seus rendimentos escolares, não acompanhe as reuniões de pais e não resolva ou não tenta resolver os problemas que lhe são particulares? O professor, desgastado profissionalmente e trabalhando muitas vezes em até três turnos, precisará “engolir” este mesmo aluno na turma do ano posterior, sentindo-se cada vez menos valorizado quanto profissional que o é?

Responder essas questões, de forma clara e reflexiva, é fundamental para que o trabalho docente continue sendo realizado de forma ética, levando-se em consideração os anseios da comunidade da qual este profissional faz parte. O professor, antes de tudo, deve ser sempre um profissional crítico e reflexivo, que busque entender as demandas sociais, políticas e econômicas de sua época e contribuir para construir uma sociedade mais justa. Claro que deve pensar em seus interesses pessoais, mas deve também pensar nos interesses de seu seguimento profissional e, sobretudo, nos interesses da comunidade escolar da qual faz parte. Entendendo estas diversas escalas da qual faz parte e refletindo de forma ética poderá encontrar soluções em conjunto com os outros professores e gestores da escola e assim conseguir um dia a dia mais harmônico em sua escola.

Sabemos que existe toda uma racionalidade burocrática por detrás do trabalho que o professor exerce, porém, agindo de forma ética e levando-se em consideração as reais necessidades da comunidade escolar da qual faz parte, o professor poderá encontrar soluções para boa parte dos problemas que cercam o fazer docente. Desta forma, tomando decisões assertivas, contribuirá para tornar a comunidade escolar, da qual faz parte, mais feliz. Existindo prazer e felicidade certamente a ética estará presente dentro do grupo da qual faz parte.

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