01 outubro 2009

O Processo de Evolução das Palavras

Segundo Aldo Bizzocchi, doutor em lingüística, a evolução das palavras pode acontecer por uma série de fatores, tais como: a inovação lingüística, também chamada de mutação; o principio da analogia; o processo de seleção cultural (inovação que é aceita ou não); a deriva lingüística (agente externo muda arbitrariamente o sentindo da palavra, como os falantes de prestigio) e, finalmente, a difusão das novas formas, podendo ser cultural (contágio entre populações vizinhas) ou dêmica (falantes que migram para diferentes regiões lingüísticas).

O professor de Língua Portuguesa, Hélio Consolaro, em seu site “Por trás das letras” nos explica que as palavras da língua portuguesa possuem diversas origens: do latim vulgar (latim levado pelos soldados romanos às terras conquistadas, como: barro, louça, mantega); do latim escrito usado pela igreja católica (palavras eruditas: lácteo, fascículo, celeste); de outras línguas, quase sempre neolatinas (como amistoso que está ligada à palavra em castelhano amistad); das invasões estrangeiras na Península Ibérica – visigodos no século V (bando, guerra, trégua) e árabes entre os séculos VII e XV (alface, cifra, faquir); do processo de imigração para o Brasil – negros (acarajé, dengue), italianos, japoneses, entre outros; e da influencia cultural francesa sobre a intelectualidade brasileira (omelete, tricô, chique).

Em seu site, Consolaro cita a evolução de algumas palavras, a partir dos estudos de Adriano da Gama Kury, livre docente da Universidade Federal Fluminense. Dentre elas, podemos citar a palavra “libertino”, que significava, num primeiro momento, “filho de escravo liberto” e que, com o tempo, passou a ter sentido de “libertados dos preceitos da moral e da religião” ou, por conseguinte, “devasso, imoral, despudorado, dissoluto”.

Outra palavra cunhada por Kury e citada por Consolaro é “vilão”. A princípio esta palavra designava “o aldeão, o habitante da vila”. Posteriormente passou a significar “homem grosseiro, perverso, infame”. Kury explica que essa transformação deu-se possivelmente por associação à palavra “vil” e nos esclarece que sob a visão dos “aristocratas, dos nobres, dos homens da cidade”, os homens da vila, da aldeia, do campo são “grosseiros, capazes de praticar ações vis”.

Dessa forma pode-se entender o porquê das palavras mudarem de significado ao longo do tempo. Muitas vezes a origem da palavra é uma, porém o seu uso cotidiano pode levá-lo a uma transformação, ganhando significados diferentes do seu termo original. Palavras como “vilão” e “libertino” que simplesmente designavam algumas características de certas pessoas, hoje possuem sentidos totalmente diferente, pejorativos.


Fontes:

http://www.portrasdasletras.com.br/pdtl2/sub.php?op=curiosidades/docs/origemdaspalavras - Acesso em 03/10/2009.

http://revistalingua.uol.com.br/textos.asp?codigo=11466 – Acesso em 03/10/2009.

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