20 março 2010

O Professor como Agente Desequilibrador

Concordo com a afirmação de que o professor pode ser uma agente desequilibrador que favorece novas adaptações e novas aprendizagens. Para isto, o professor deve partir do conhecimento prévio que os alunos possuem sobre determinado assunto. Uma avaliação diagnóstica ou mesmo sondagens e conversas com os alunos permitem que o professor identifique o estágio atual de conhecimento que os alunos possuem.

A partir desse ponto, o professor pode acrescentar idéias novas, pontos de vistas diferentes, aumentar o grau de dificuldade de um exercício ou mesmo acrescentar um dado novo sobre determinado assunto. Quando isto acontece, o aluno passará por um momento de desequilíbrio, uma vez que algo, até então desconhecido, foi acrescido em seu repertório de informações e conhecimentos. Por conta própria e com o apoio do professor, o aluno poderá então encaixar a nova informação dentro do que já sabe, buscando entender como se da a relação entre o novo e o já conhecido. Neste momento, o professor fará o papel de mediador, facilitando o processo de aquisição do novo conhecimento.

Quando finalmente, o aluno entende o significado da nova informação e, sobretudo, quando é capaz de relacioná-los com os conhecimentos que já possui, a nova informação será transformada em novo conhecimento.

Podemos citar um leque enorme de exemplos a serem utilizados em sala de aula por professores de todas as disciplinas. Em matemática, pode-se ir aumentando as casas decimais nos processos operatórios das contas de divisão. Ou então, em geografia, aumentar a quantidade de dados a serem analisados sobre determinado assunto. Ou ainda, em Ciências, confrontar novos dados obtidos sobre o aquecimento global. Em história, pode-se pedir aos alunos que pensem a colonização no Brasil sob o ponto de vista dos indígenas. Dentro dos ensinamentos da Língua Inglesa, o professor pode ir acrescentando novos vocabulários. E assim por diante.

Em todos os exemplos citados acima, novas informações são colocadas de forma gradual, permitindo que o aluno compare o que já conhece com o que é novidade e assim seja capaz de processar as novas informações, transformando-as em conhecimento. Ou seja, o professor vai acrescentando novos agentes desequilibradores, para que o aluno possa se adaptar ao novo até formar um novo conhecimento.

Seguindo as idéias de Piaget, mediadas pelo texto de Maria Judith Lins, quando o aluno fica em contato com o novo, ele passa a ter a necessidade de compreender essa novidade. No processo de satisfação desta necessidade, o aluno acaba adquirindo o novo conhecimento. Quando a satisfação desta necessidade é realizada de forma plena, pode-se dizer que houve a equilibração na estrutura cognitiva e portanto, o aluno de fato aprendeu algo novo.

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Opinando 1:

Acredito que o amigo B. tocou num ponto importantíssimo. O desvio do foco do que está sendo aprendido. Quando a aula está muito participativa, em alguns casos, novos assuntos são colocados e se o professor deixar correr solto, corre-se o risco de terminar a aula sem concluir o objetivo inicial proposto para a mesma.

Daí a importância do professor ser o orientador das ações de aprendizagem. Ele precisa sempre estar atento para esses momentos em que o objetivo da aula pode fugir do controle e não permitir que isto aconteça. Afinal, se isto acontecer, as aulas deste professor pode se tornar anti-pedagógicas e os alunos que estavam de fato aprendendo se sentirem frustrados.

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Opinando 2:

É verdade C.!

Tive uma professora na faculdade que fazia isto o tempo todo.

Muitas vezes acabava até esquecendo do que estava falando. Pode? (risos).

Ela era uma boa professora porque conseguia despertar o interesse inicial em todos nós. Mas, deixava a desejar no desenrolar da aula porque fugia do foco. Então, a gente começava a se cansar porque queria saber mais sobre o assunto inicial, mas quase nunca conseguiamos chegar às vias de fato.

Depois da aula, a gente procurava as respostas nos textos ou estudando em grupo.

Esta professora era muito querida de todos. Muito simpática. Ela sabia como causar o desequílibrio no início da aula, mas depois, parecia que não nos ajudava a nos equilibrar de novo.
Apesar de que, agora refletindo sobre isto, vejo que poderia até ser uma coisa proposital. Afinal, a gente acabava indo pesquisar o tema e acabava aprendendo de forma, inclusive, autonôma.

Porém, é sempre bom ressaltar que isto acontecia em nível universitário. Quando tratamos do ensino básico, acredito que temos que ser mais cuidadosos.

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Opinando 3:

É isso aí amiguinha R.!

Se deixar o aluno viaja e vai embora. Precisamos mesmo sempre estar trazendo-os de volta ao tema inicial.

Essa viagem, fiquei pensando agora, talvez ocorra porque o aluno começa a comparar o agente desequilibrador (dado novo) com o que já está equilibrado (com o que já conhece). Então ele encontra uma conexão e acaba se esvaindo nas próprias idéias e pensamentos, que podem não ser exatamente o objetivo da aula.

Cabe ao professor perceber isto e dar um susto do tipo Ana Maria Braga: "Acorda menina!!!".
Ou, por outro lado, de repente, um aluno coloca um caminho inesperado que vai de encontro aos objetivos da aula, só que passando por outras idéias, outras situações e, inclusive, mais fácil dos alunos entenderem. Neste caso, o professor segue a voz do Zeca Pagodinho: "Deixa a vida me levar. Vida leva eu". (risos).

Pessoal, hoje é sábado, final de semana, acabei me empolgando.

De qualquer forma, nos dois exemplos acima, percebemos o papel que nós professores continuamos tendo em sala de aula. Somos capazes de perceber quando acontece uma situação ou outra (Ana Maria ou Zeca) e somos capazes de redirecionar a aula.
Somos mesmo imprescindíveis. Vocês não acham?

Abraços ao som do Zeca.

Kkkkkkkk

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Opinando 4:

As colocações do A. e da M. fizeram-me refletir sobre outro dado importante. Em muitos casos e em todas as disciplinas, é sempre preciso retomar conhecimentos já ensinados em momentos anteriores ou até mesmo em anos anteriores.

Quando os alunos relembram alguns conceitos, eles refrescam a sua memória e assim, facilita a compreensão das novas informações. Isto acontece em todas as disciplinas. Muitos professores reclamam que volta e meia precisam retomar alguns conceitos e informações, mas isto faz parte do próprio trabalho docente.

Apesar de que muitas vezes acabo ficando em dúvida. Será que o aluno não aprendeu ou simplesmente esqueceu? Existe tempo suficiente para ficar retomando e retornando a conteúdos antigos? É normal isto acontecer? Afinal, se ele entendeu tão bem um assunto no ano passado, por que será que ele esqueceu? Será que de fato ele não aprendeu?

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Opinando 5:

Adorei as colocações feitas pelo B.

De fato, nós professores, temos o dom de explicar uma mesma coisa de várias maneiras e nem reparamos (MESMO) nisso. Sempre somos capazes de colocar diversos exemplos para garantir que a turma toda realmente entenda o que estamos explicando, para que todos consigam voltar à equilibração diante de um fato novo.

Tenho um amigo que às vezes fala: "Pode parar de explicar!!! Já entendi!!! Não precisa explicar de novo!!! Não precisa dar mais DEZ exemplos porque já entendi desde o primeiro exemplo!!!

Kkkkkkkkk

Eu caio na gargalhada, porque mesmo sem querer a gente acaba explicando, explicando e explicando de novo.

Esse é o "mal" do professor (risos).

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Opinando 6:

Concordo plenamente com vocês duas, A. e M.

Realmente, é muito importante que o aluno seja capaz de "refletir , analisar, reestruturar, modificar", como muito bem disse a A. Melhor ainda quando, eles mesmos são capazes de identificar e propor novas dúvidas e questões, ou seja, "venha até nós com perguntas , com debates, discutindo o porquê, o que é, como faz, se esta certo", como muito bem elencou a M.

Todas essas colocações refletem muito bem as idéias de Piaget sobre a teoria Genética, ajudando-nos a entender o processo de aquisição de novos conhecimentos.

Parabéns pela bela explicação das duas.

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